sexta-feira, 22 de julho de 2016

A DESPEDIDA DO MESTRE - PARTE 2

Foto: Pinterest
Era para ser "apenas" um post sobre a vida e carreira de Peter Sauber no comando da sua equipe, mas o cidadão aqui se empolgou e resolveu fazer uma retrospectiva da Sauber, desde os primórdios até os dias atuais. No primeiro post, falei da fase inicial da equipe até a chegada na F1 e os primeiros passos.

Bom, estamos em 2001. Depois de três anos horríveis, a parceria Sauber + Ferrari + Petronas estava muito pressionada e precisava de resultados. Eis que a escuderia suíça tratou de receber mais críticas em um movimento arriscado, por muitos irresponsável: A contratação de um jovem finlandês chamado Kimi Raikkonen, de apenas 21 anos, com poucas participações nos monopostos. Kimi recebeu uma superlicença da FIA e a promessa de Peter que o jovem finlandês iria se sair bem. Além dele, foi trazido outro jovem: O campeão da F2000 em 1999 e que estreou na Prost em 2000, Nick Heidfeld.

E como a temporada foi boa: Na corrida de estreia, o alemão largou em quarto e o finlandês em sexto. Os dois pontuaram. No GP Brasil, Heidfeld conquistou um espetacular terceiro lugar. No fim da temporada, a equipe alcançou a maior pontuação e maior colocação na história da Sauber: O 4° lugar, com 21 pontos, atrás de Ferrari, McLaren e Williams. No fim do ano, Raikkonen foi contratado para substituir o compatriota Mika Hakkinen na McLaren. Heidfeld foi mantido e para o lugar de Kimi foi contratado o jovem brasileiro Felipe Massa, piloto de testes da Ferrari.

Raikkonen e Heidfeld no C20. Foto: Auto123
Campeão da F3000 em 2001, o brasileiro não foi tão bem. Aliás, nem a Sauber foi. Apenas 11 pontos na tabela e o 5° lugar nos construtores, também superado pela estreante Renault. Discreto, Massa não agradou e Peter Sauber chamou Heinz-Herald Frentzen novamente para o time. O alemão estava recém saído da Arrows. Heidfeld continua por mais uma temporada.

Mesmo com a nova regra da F1 permitindo pontuação aos oito primeiros colocados, a Sauber manteve-se com desempenho irregular: 19 pontos e o sexto lugar na tabela de construtores. O grande ponto positivo daquele ano foi o GP dos Estados Unidos, onde Frentzen chegou em terceiro (marcando seu último pódio na carreira) e Heidfeld em quinto.

Felipe Massa na Sauber, em 2002. Foto: Getty Images
Para 2004, mudanças: Frentzen foi dispensado e Heidfeld contratado pela Jordan. Com isso, Felipe Massa retornou para a equipe e Peter trouxe Fisichella da própria Jordan, onde venceu o GP Brasil de 2003 e se destacou pela Benetton nos anos 90 e início da década de 2000. Foi uma temporada espetacular. Massa e Fisico marcaram o maior número de pontos da história da Sauber em um mesmo ano: 34, 22 de Fisichella contra 12 de Massa.

Em 2005, Massa permanece na Sauber, enquanto Fisichella é chamado para correr na Renault. Seu substituto é o campeão da temporada de 1997, Jacques Villeneuve. Com Massa e Villeneuve enfrentando problemas de convívio (Massa contou inclusive que chegou a urinar em uma garrafa do canadense). Na pista, 20 pontos para os suíços e o sétimo lugar nos construtores. Foi o último ano da parceria com a Petronas.

Villeneuve na Sauber, em 2005, o último com a parceria da Petronas. Foto: Wikipédia
A Petronas rompeu com a Ferrari e deixou de fornecer motores, mas manteve-se como patrocinadora da equipe. Com isso,  Peter Sauber aproveitou a brecha para vender a equipe para a BMW, que havia recém rompido sua parceria com a Williams. Com isso, iniciava-se uma nova era: A BMW Sauber F1 Team.

Peter Sauber manteve funções administrativas na equipe. Para a temporada, foram escolhidos Jacques Villeneuve e o retorno do velho conhecido Nick Heidfeld. Entretanto, o canadense não era unanimidade dentro da equipe e, após algumas corridas com desempenhos bem abaixo do companheiro, foi demitido e substituído pelo jovem polonês Robert Kubica. Heidfeld manteve-se constante na temporada, marcando bons pontos. No caótico GP da Hungria, o alemão conseguiu o primeiro pódio da temporada. Duas corridas depois foi a vez de Kubica, na Itália. No fim do ano, quinto lugar nos construtores, com 36 pontos.

Em 2007, os suíços se afirmaram como terceira força, atrás de McLaren e Ferrari, com os dois praticamente garantindo a quinta e sexta posição das corridas. Heidfeld conseguiu os únicos dois pódios da equipe, na Hungria e no Canadá, circuito este marcado pelo fortíssimo acidente de Kubica, que quebrou o tornozelo e ficou ausente de algumas provas. Seu substituto? Um jovem alemão chamado Sebastian Vettel. Em sua estreia, nos Estados Unidos, conseguiu pontuar, sendo até então o mais jovem da história da categoria a atingir tal feito, com 19 anos. Kubica retornou e a Sauber somou 101 pontos, sendo vice-campeã dos construtores após a McLaren ter sido excluída da classificação, em virtude do escândalo de espionagem.


Heidfeld. em 2007. Foto: Wikipédia
2008 foi o grande ano da escuderia. Ironicamente, as melhores temporadas da Sauber foi quando Peter não era o "chefão". Na Austrália, Kubica larga em segundo e Heidfeld completa a corrida nesta posição. Na Malásia, Kubica foi o segundo. No Bahrein, a primeira pole da equipe, também com o polonês. Até que surge o momento histórico: Exatamente na mesma pista onde havia sofrido um gravíssimo acidente no ano anterior, Robert Kubica venceu no Canadá pela primeira vez na carreira (e da Sauber, claro), com Heidfeld em segundo (e, portanto, uma dobradinha!). Naquele momento, o polonês era o líder do campeonato. Entretanto, a Sauber perdeu rendimento na segunda metade da temporada e ficou para trás.



Em 2009, a BMW Sauber surgia como favorita ao título. Após desenvolver bem o sistema do KERS e andar na pré-temporada, parecia tudo pronto para que os suíços e alemães finalmente pudessem ser protagonistas. Kubica brigava com Vettel pela segunda posição na Austrália, quando bateram. Depois, a equipe caiu muito de rendimento. Na metade da temporada, Kubica tinha apenas dois pontos e Heidfeld seis. Patético. Diante disso, a BMW Sauber anuncia que iria se retirar da F1 no final da temporada.

Curiosamente, o desempenho da equipe melhorou na metade final, com as atualizações dos componentes dos carros. Entretanto, a equipe somou apenas 36 pontos (19 de Heidfeld e 17 de Kubica). O grande drama era a manutenção da Sauber. Sem o apoio da BMW, que se retirava em definitivo da F1, Peter Sauber tinha uma grave dificuldade para recomprar sua equipe: O fato dos alemães não terem inscrito a BMW Sauber para a próxima temporada da F1. Com isso, perderam a vaga para a Lotus. A BMW, a princípio, tentou negociar com a empresa Qadbak. Diante do insucesso, restou aos alemães revenderem para Peter Sauber, que em novembro de 2009 reassumiu o controle absoluto de sua equipe. Entretanto, a Sauber só conseguiu a vaga para F1 em 2010 com a desistência da Toyota.

Mesmo com a parceria desfeita, em 2010 os suíços utilizaram o nome BMW Sauber F1 Team, para que não fossem perdidos os benefícios financeiros oriundos da última temporada, quando terminaram em sexto lugar nos construtores.

Na última parte da nossa saga, contaremos os últimos anos da equipe e o desfecho da grave crise financeira da equipe suíça! Até lá!

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