quinta-feira, 21 de julho de 2016

A DESPEDIDA DO MESTRE - PARTE 1

Foto: Divulgação
Mais relevante que a venda da Sauber para o tal grupo Longbow Finance (que não tem site, tampouco redes sociais - é apenas o braço direito da empresa sueca Tetra Pak), a notícia impactante do dia no mundo do automobilismo é o adeus em definitivo do mentor Peter Sauber da sua própria equipe. Não, ele não morreu. Apenas irá curtir a aposentadoria, aos 73 anos de idade.

A história de Peter com o automobilismo começa nos anos 1970, quando ele cria o C1, o primeiro carro. O ''C" desde sempre acompanhou o nome dos carros da equipe, uma homenagem de Peter a esposa, Christiane. Começou competindo nos campeonatos suíços. Depois, passou a partir das 24 horas de Le Mans, em 1977. 

Nos anos 1980, passou a construir os carros da BMW M1, vencendo os 1000 km de Nurburgring em 1981. Em 1985, começaram a parceria com a Mercedes. Em 1989, a consagração: Vitória em Le Mans, com o trio Jochen Mass, Manuel Reuter (alemães) e Stanley Dickens (sueco). Aliás, Michael Schumacher pilotou pela equipe na Sportscar Championship de 1990, além de Karl Wendlinger.

Sauber C9, 1989. Foto: Rodrigo Mattar
Em 1991, Peter tinha o desejo de ingressar na F1. A Mercedes foi contra. Com isso, Sauber entrou na categoria por conta própria, estreando em 1993, com motores Ilmor. A dupla de pilotos foram o finlandês J.J. Lehto e o "protegido" Wendlinger. A equipe ficou em sexto lugar, com 12 pontos - 7 de Wendlinger (11°) e 5 de Lehto (13°). O bom desempenho na temporada inaugural convenceu a Mercedes a bancar o projeto, comprando 25% que a Chevrolet detinha sobre a Ilmor, tomando a montadora e rebatizando o motor para "Mercedes-Ilmor".

Com o estreante Heinz-Herald Frentzen e Wendlinger, a equipe manteve os mesmos 12 pontos da temporada anterior, mas dessa vez ficando na 8a posição nos construtores. No GP de Mônaco, corrida seguinte ao fatídico GP em Ímola, outro susto: Wendlinger bate forte na saída do túnel. Ele ficou em coma por várias semanas e não correu mais naquela temporada. Peter deu ordem para Frentzen não participar da corrida de domingo. Foi substituído rapidamente por De Cesaris, que posteriormente deu lugar ao retorno de Lehto.



Schumacher testando o C16 em um teste secreto em Mugello, 1997. Foto: Pezzolo.TV
Naquele mesmo ano, a Mercedes fez um acordo de fornecimento de motores com a McLaren, o que obrigou a Sauber a fechar contrato com outra montadora para 1995, a Ford. Frentzen foi mantido e Wendlinger voltou recuperado do acidente. Entretanto, o austríaco não voltou a ter os mesmos desempenhos de anteriormente, abandonando 3 das 4 etapas inciais do campeonato. Foi substituído pelo francês campeão da F3000 em 1994, Jean-Christophe Boullion. Finalmente a equipe alcançou o primeiro pódio: o terceiro lugar de Frentzen no GP da Itália. Wendlinger retorna, mas desmotivado, não pontuou e abandonou a F1. A Sauber fez 18 pontos e ficou em sexto lugar nos construtores.

Em 1996, o experiente Johnny Herbert foi contratado e a equipe passou a utilizar a pintura que ficou tão conhecida. Entretanto, foi um ano péssimo: Muitos abandonos (a equipe pontuou em apenas 3 das 16 etapas). A única coisa boa foi o terceiro lugar de Herbert no histórico GP de Mônaco vencido pela Ligier de Olivier Panis.

Em 1997, Peter acerta uma parceria para utilizar os antigos motores da Ferrari, rebatizando de Petronas, a empresa estatal de gás e petróleo da Malásia. Herbert foi mantido e conseguiu outro pódio, o terceiro lugar no GP da Hungria, também marcado pela quase vitória de Damon Hill pela Arrows. O inglês fez 15 dos 16 pontos da escuderia suíça naquela temporada (7° lugar nos construtores), marcada pela presença de outros três pilotos: O começo com o italiano Nicola Larini, que brigou com Peter após o GP de Mônaco e foi demitido e também a presença do compatriota Gianni Morbidelli (afastado da F1 desde 1995) e do argentino Norberto Fontana, que não pontuaram.

Herbert e o C17, em Melbourne/1998. Foto: Pinterest
Os três anos seguintes foram horríveis para a Sauber. Em 1998, o experiente francês Jean Alesi foi contratado para fazer dupla com Herbert. Parecia que ia dar certo, porém foram conquistados apenas 10 pontos (4 do terceiro lugar de Alesi na Bélgica), enquanto Herbert pontuou apenas na Austrália, com um quinto lugar. A equipe ficou em sexto lugar nos construtores, muito em conta da ampla superioridade de McLaren e Ferrari que, juntas, somaram 289 pontos.

Alesi foi mantido e o brasileiro Pedro Paulo Diniz foi contratado para a temporada de 1999, a pior da equipe até então. A equipe teve apenas 5 sexto lugares, marcando apenas 5 pontos no ano. Os carros quebraram em cerca de 75% das corridas da temporada. Os suíços só ficaram a frente da Minardi e da Arrows, que marcaram 1 ponto cada uma. 

Em 2000, Mika Salo, vindo de passagens na Ferrari e BAR como tampão, se juntou a Diniz. O brasileiro passou zerado, enquanto Salo conquistou 6 pontos (dois quinto lugares e dois sextos), um a mais que no ano anterior. Se o desempenho não foi tão exuberante, ao menos o carro não quebrou tanto, o que indicava um caminho para evolução.

Jean Alesi e o C18 em Magny Cours/1999. Foto: Getty Images

Adoraria poder escrever mais. Todavia, está tarde e já deveria estar dormindo há algum tempo. Prometo que em breve continuarei o post, que era apenas para falar de Peter Sauber, mas que no fim virou a "saga da Sauber" hahaha

Até mais!

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